segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Pequena Alma

Eu sei quem sou!
E Deus disse:
Que bom! Quem és tu?
E a Pequena Alma gritou:
Eu sou Luz!
E Deus sorriu.
É isso mesmo! Exclamou Deus.
Tu és Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente,
porque tinha descoberto aquilo que todas
as almas do Reino
deveriam descobrir...
Uauu, isto é mesmo bom!
Disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era
já não lhe chegava.
A Pequena Alma sentia-se agitada
por dentro,
e agora queria ser quem era.
Então foi ter com Deus
(o que não é má idéia para qualquer alma
que queira ser Quem Realmente É) e disse:
Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:
Quer dizer que queres ser Quem já És?
Bem, uma coisa é saber Quem Sou,
e outra coisa é sê-lo mesmo.
Quero sentir como é ser a Luz!
Respondeu a Pequena Alma.
Mas tu já és Luz, repetiu Deus,
sorrindo outra vez.
Sim, mas quero senti-lo!
Gritou a Pequena Alma.
- Bem, acho que já era de esperar.
Tu sempre foste aventureira, disse Deus
com uma risada.
Depois sua expressão mudou.
- Há só uma coisa...

- Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol.
Estás lá sem dúvida. Tu e mais milhões,
ziliões de outras velas que constituem o Sol.
E o Sol não seria o Sol sem vocês.

Não seria um Sol sem uma das suas velas...
e isso não seria de todo o Sol, pois não
brilharia tanto.
E no entanto, como podes conhecer-te
como a Luz quando estás
no meio da Luz, eis a questão.

- Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa!
Disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
- Já pensei. Já que não podes ver-te
como a Luz quando estás na Luz,
vamos rodear-te de escuridão, disse Deus.

O que é a escuridão? Perguntou a
Pequena Alma.
É aquilo que tu não és – replicou Deus.

- Eu vou ter medo do escuro? Choramingou
a Pequena Alma.
Só se o escolheres. Na verdade não há nada
de que devas ter medo,
a não ser que assim o decidas.

--Ah! Disse a Pequena Alma,
sentindo-se logo melhor.

Depois Deus explicou que, para se experimentar
o que quer que seja, tem de aparecer
exatamente o oposto.
É uma grande dádiva,
porque sem ela não poderíamos
saber como nada é – e disse Deus

– Não poderíamos conhecer
o Quente sem o Frio,
o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento.
Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita,
o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois.
E por isso, continuou Deus, quando estiveres rodeada de escuridão,
não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão.

“Se antes uma Luz na escuridão,
e não fiques furiosa com ela.
Então saberás Quem Realmente És,
e os outros também o saberão.
Deixa que a tua Luz brilhe tanto
que todos saibam como és especial!”

--Então posso deixar que os outros
vejam que sou especial?
Perguntou a Pequena Alma.

Claro! Deus riu-se. Claro que podes!
Mas lembra-te de que “especial” não quer dizer “melhor”!
Todos são especiais, cada qual a sua maneira!
Só que muitos esqueceram-se disso.
Esses apenas vão ver que podem ser especiais
quando Tu vires que podes ser especial!

Uau! Disse a Pequena Alma,
dançando e saltando e rindo e pulando.
Posso ser tão especial quanto quiser!

Sim, e podes começar agora mesmo, disse Deus,
também dançando e saltando e rindo e
pulando juntamente com a Pequena Alma.
Que parte de especial é que queres ser?

- Que parte de especial?
Repetiu a Pequena Alma.
- Não estou a perceber.

- Bem, explicou Deus,
ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes.
É especial ser bondoso. É especial ser delicado.
É especial ser criativo. É especial ser paciente.
Conheces alguma outra maneira de ser especial?

A Pequena Alma ficou em silêncio
por um momento.
Conheço imensas maneiras de ser especial!
Exclamou a Pequena Alma.
É especial ser generoso. É especial ser simpático.
É especial ser atencioso com os outros.

Sim! Concordou Deus.
E tu podes ser todas essas coisas,
ou qualquer parte de especial que queiras ser,
em qualquer momento.
É isso que significa ser a Luz.

- Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser!
Proclamou a Pequena Alma com
grande entusiasmo.
Quero ser a parte de especial chamada “perdão”.
Não é ser especial alguém que perdoa?

Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus
à Pequena Alma.
Está bem. É isso que eu quero ser.
Quero ser alguém que perdoa.
Quero experimentar-me assim,
disse a Pequena Alma.

Bom, mas há uma coisa que devias saber,
disse Deus.
A Pequena Alma já começava a ficar
um bocadinho impaciente.
Parecia haver sempre alguma complicação.
O que é? Suspirou a Pequena Alma.
Não há ninguém a quem perdoar.
- Ninguém?

A Pequena Alma nem queria acreditar no
que tinha ouvido.
- Ninguém! Repetiu Deus.
- Tudo o que Eu fiz é perfeito.
Não há uma única alma em toda a Criação
menos perfeita do que tu. Olha a tua volta.
Foi então que a Pequena Alma reparou na
multidão que se tinha aproximado.
Outras almas tinham vindo de todos os lados,
de todo o Reino, porque tinham ouvido dizer que
a Pequena Alma estava a ter uma conversa
extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir
o que eles estavam a dizer.

Olhando para todas as outras almas ali
reunidas, a Pequena Alma teve
de concordar.
Nenhuma parecia menos maravilhosa,
ou menos perfeita do que ela.
Eram de tal forma maravilhosa, e a sua
Luz brilhava tanto,
que a Pequena Alma mal podia olhar
para elas.
- Então, perdoar quem? Perguntou Deus.

Bem, isto não vai ter piada nenhuma!
Resmungou a Pequena Alma.

Eu queria experimentar-me como Aquela que
Perdoa. Queria saber como é ser essa
parte especial.
E a Pequena Alma aprendeu o que é
sentir-se triste. Mas, nesse instante,
uma Alma Amiga destacou-se da multidão
e disse:
- Não te preocupes, Pequena Alma,
eu vou ajudar-te, disse a Alma Amiga.
- Vais? A Pequena Alma animou-se.

Mas o que é que tu podes fazer?
- Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!
Podes?

- Claro! Disse a Alma Amiga alegremente.
Posso entrar na tua próxima vida física
e fazer qualquer coisa para tu perdoares.
-Mas porquê? Porque é que farias isso?
Perguntou Pequena Alma.
Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito!
Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida
a ponto de criar uma Luz de tal forma
brilhante que mal posso olhar para ti!
O que é que te levaria a abrandar a tua vibração
para uma velocidade tal que tornasse
a tua Luz brilhante numa Luz escura e baça?
O que é que te levaria a ti,
que danças sobre as estrelas e te moves

pelo Reino à velocidade do pensamento,
a entrar na minha vida e a tomares-te
tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?
É simples, disse a Alma Amiga.
Faço-o porque te amo.

A Pequena Alma pareceu surpreendida
com a resposta.
-Não fiques tão espantada, disse a
Alma Amiga,
tu fizeste o mesmo por mim.
Não te lembras?

-Ah, nós já dançamos juntas,
tu e eu, muitas vezes.
Dançamos ao longo das eternidades
e através de todas as épocas,
Brincamos juntas através de todo o tempo e
em muitos sítios.
Só que tu não lembras. Já fomos ambas o Todo.
Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita.
Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois.
Fomos o Masculino e o Feminino,
o Bom e o Mau, fomos ambas a vítima e o vilão.

Encontramo-nos muitas vezes,
tu e eu, cada uma trazendo à outra a
oportunidade exata e perfeita para
Expressar e Experimentar
Quem Realmente Somos.

E assim, a Alma Amiga explicou mais
um bocadinho,mais uma vez
eu vou entrar na tua próxima
vida física e ser a “má” desta vez...
E tu vais sofrer muito...
Vou fazer alguma coisa terrível,
e então tu podes experimentar-te
como Aquela Que Perdoa.

Vou ter de fingir ser uma coisa muito
diferente de mim.
E por isso, só te peço um favor em troca.
Oh, qualquer coisa, o que tu quiseras!
Exclamou a Pequena Alma,
e começou a dançar e a cantar.
Eu vou poder perdoar,
eu vou poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga
estava muito quieta e triste.
- O que é? Perguntou a Pequena Alma.
O que posso fazer por ti? És um anjo por estares
disposta a fazer isto por mim!

Claro que esta Alma Amiga é um anjo!
Interrompeu Deus, são todas!
Lembra-te sempre:
Não te enviei senão anjos...
E todos tem o livre arbítrio
Desde que possam de tudo
Tirar um bem maior,
Meus mistérios são insondáveis!

(Autor Desconhecido)

Nenhum comentário:

Postar um comentário