sábado, 15 de maio de 2010

Os que nunca partem

Eu me lembro que quando era muito jovem,
ouvia os adultos comentarem:
fulano partiu.
Esta era a forma que eles achavam
menos sofrida de falar que alguémhavia morrido,
principalmente quando estavam perto de crianças.
Era um jeito delicado que eles tinham de citar
a morte sem que ela parecesse tão chocante.
Cresci e comecei também a falar assim
- fulano partiu -
acabei achando menos dolorido,
menos violento se referir à morte dessa maneira.
Quando se diz que alguém morreu,
dá a impressão que se acabou, desapareceu e
imaginar que alguém que queremos bem
acabou ou desapareceu pra sempre é terrível.
Dói mil vezes mais do que precisar enfrentar
a sua própria ausência.
Partiu já é diferente,
dá uma sensação de que em algum ponto da vida
nos reencontraremos com esse ente querido novamente.
Fica mais fácil imaginar que ele viajou,
uma viagem sem data pra voltar,
mas com retorno garantido.
Enfim, descobri recentemente, que existe
uma outra categoria dentro desse universo.
São aqueles que nunca morrem e, portanto,
jamais partem.
São aqueles que embora desapareçam de nossas vistas,
eternamente se fazem presentes em nossa memória e
nosso coração.
Os que nunca partem são as pessoas que
nortearam nossos dias, colocaram um significado
importante neles e deixaram uma marca tão profunda
em nós que não importa onde estejam,
porque ao nosso lado, de alguma forma, sempre estarão.
Morrer, partir, são coisas simples, coisas do dia-a-dia.
Acontece toda hora,em todo lugar, com todas as pessoas.
Os que nunca partem e os que nunca passam pela dor
de assistir alguém querido partir são
os felizardos dessa vida.
Dores momentâneas, saudades e ausências à parte,
felizes daqueles que amaram
alguém nessa vida
a ponto de jamais deixá-los partir de seus corações.
Se quando eu me for, por desígnio de Deus,
uma única pessoa não me deixar partir
me guardando dentro do seu peito,
eu direi que valeu a pena
ter passado por aqui e que minha estada
nessa vida não foi em vão.
Mas enquanto ainda estou por aqui,
só tenho a dizer que dentro de mim moram
pessoas que nunca deixei que partissem verdadeiramente,
assim, como não deixarei que partam, jamais,
algumas que ainda estão por aqui.
Os que nunca partem são aqueles que descobriram
o segredo de brilhar na terra,
mesmo antes de chegarem ao céu e se
tornarem estrela.
(Silvana Duboc)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Boa Noite!




Foi Mesmo Tudo Verdade?

Um dia pessoas vão embora de nossas vidas e rápidas,
como nela entraram, saem sem despedida e
aquela pequena porta de saída por onde elas escapam,
em seguida, é destruída e nós ficamos nos perguntado
por qual porta elas entraram,
ficamos nos questionando por que nos abandonaram.
Elas sequer se despedem de nós e fogem
para longe nos deixando a sós.
Vem então uma dúvida atroz;
Houve carinho, houve amizade?
Houve cumplicidade?
Foi mesmo tudo verdade?
Enfim, os instantes preciosos que dividimos
com alguém descobrimos que foram divididos
com ninguém,
que tudo não passou de um momento e
que na verdade não houve sentimento.
Pessoas que se gostam, que se querem bem ou
que dizem amar alguém não se afastam
sem uma plausível explicação ,não deixam
em nossas vidas esse ponto de interrogação.
Quem sabe se o que tivemos foram amigos de ocasião,
aquele tipo que parece que não tem coração.
Aquele tipo que segue o vento e que só está
presente nos melhores momentos.
Aquele tipo que não sente saudades,
que vive a vida só em busca de novidades.
Aquele tipo que quando quer colo sabe
onde nos achar e depois, com sua ferida já curada,
esquece que fizemos de tudo para ela parar de sangrar.
E nós, tolos e sensíveis, finalmente conseguimos entender
que a vida deles é muito mais fácil de se viver.
Não se prendem, não se entregam, não se dedicam ,
não se apegam.
Essas pessoas moram em nuvens passageiras
e tentar segurá-las do nosso lado é pura besteira.
Mas quem sabe um dia vão olhar pra atrás e
perceber que voaram demais,
voaram tanto que não puderam segurar
pessoas que as amaram e que elas poderiam amar.
(Silvana Duboc)