sábado, 12 de junho de 2010

Se existe saudade



A saudade é esse passarinho que vem de leve e
pousa no nosso coração trazendo lembranças,
como um colibri que beija a flor e traz beleza.
E ela nem escolhe hora ou lugar,
só aparece assim, invadindo inteiramente
esse espaço que consideramos reservado
às pessoas ou ocasiões especiais.
Mas se existe saudade,
é porque existem sementinhas de
ternura plantadas em nós;
pedacinhos de coisas boas, que talvez nem tenham
ficado muito tempo, mas o suficiente para
deixar um rastro, um sabor, uma marca,
um perfume.
Outro dia, falando sobre a saudade que
sinto da minha família virtual, ouvi, com surpresa,
alguém dizer que não é possível sentir
saudade de pessoas que nunca vimos.
E como não?
Que nome dar então a essa falta,
esse vazio nostálgico, dolorido e bom que invade
a alma e toma conta do momento?
Essa viagem que fazemos
sem malas e documentos
e que nos leva e nos trás, cheios de amor
e de não sei o quê?
A saudade é uma prova, um certificado,
carimbado e assinado embaixo de que
não estamos inteiramente sós e nem vazios.
As pessoas vêm e vão e ficam assim se prolongando em nós,
existindo pela eternidade do nosso caminho.
E amanhã ou depois, quando tudo o que sobrar
em nós forem pedaços do passado,
teremos esse coração rico em histórias
que nos farão rir sozinhos e nos sentir vivos.
São essas as peças que os verdadeiros amigos
pregam ao nosso coração.
Caímos nessa armadilha e ainda nos divertimos.
Aprendemos assim que sentir saudade
é respirar o amor que plantaram em nós.
É viver depois repletos desse amor
para a vida toda.
Letícia Thompson